Mas a verdade é que a maioria de nós, delicados seres criados em condomínios a base de leite de pêra, não teríamos disposição de encarar as dificuldades mais singelas e não sobreviveríamos nem a uma semana sem internet, quanto mais sem alimento – ou papel higiênico de dupla maciez. Numa aventura eventual extrema, perdido no mato sem cachorro, fica difícil acreditar que duraríamos meia hora antes de borrar as calças. Os protagonistas de filmes (pelo menos os que sobrevivem no final da trama) geralmente têm um grau de destreza e sagacidade acima da média ou tiveram formação militar avançada, mas pessoas comuns como eu ou você não costumam durar muito nas mãos da natureza selvagem.
Como diz o velho
Pensando em não perder parte da nossa audiência decidimos trazer um pequeno guia imperativo com 10 dicas para os leitores do TRETA aprenderem a sobreviver a qualquer custo em situações extremas. É óbvio que todas as sugestões só devem ser usadas como último recurso (ao persistirem os sintomas um médico deverá ser consultado) mas na hora que o bicho pegar você vai querer ter tomado nota mental:
1. Procure por ajuda
Ao se jogar numa aventura, é evidentemente importante ter certeza de que alguém sabe pra onde você está indo – e quando pretende retornar. Nada de falar que vai comprar cigarros na esquina e sumir sem deixar rastros. Caso você seja tão solitário e anti-social que não tenha nenhum parente, amigo ou vizinho pra sentir sua ausência, contrate uma garota de programa para tal finalidade. Se algo der errado, esta pessoa será sua maior chance de sobrevivência, alertando as autoridades competentes para um resgate. Em certos ambientes mais hostis, como um deserto, não há muito o que fazer além de rezar e esperar por socorro – na sombra, claro.
Outra decisão inteligente é deixar marcas pelo caminho para que alguém possa seguir sua trilha, especialmente porque esse alguém pode ser você mesmo, andando em círculos. Pra ser notado à distância o ideal seria um sinalizador, mas na sua ausência o efeito pode ser buscado com fogueiras e até mesmo recados – como o famoso "S.O.S." – podem ser escritos com pedras e galhos em locais visíveis.
Mas a ferramenta mais relevante, que pode ser crucial numa aventura menos distante das redes de telecomunicações é mesmo o aparelho celular. Ou melhor: a bateria dele. Os números de emergência costumam ter acesso facilitado nos atalhos de todos os modelos mais comuns, mas lembre-se de ser objetivo e eficaz na sua comunicação para a ligação não ser cortada no meio do epílogo da sua narrativa – em que você dá uma explicação prolixa sobre como foi parar ali.
O primeiro serviço gratuito de apoio a pessoas em situações extremas fornece dicas dos maiores especialistas em sobrevivência selvagem pra você saber como agir na hora "H".
Quem curte essas aventuras radicais no MODO FUCKING HARD, mesmo que não pretenda se perder sem bússola por aí tão cedo, pode aprender muito na série com as experiências e dicas alheias (muito além da listinha básica desse post). Bom pra ficar esperto e não dançar
Não perca a estreia nessa próxima terça-feira, dia 29/10, às 22h30, no Discovery!
3. Oriente-se
Uma dica pra se localizar minimamente no espaço é improvisar uma bússola com qualquer relógio de ponteiros. Se estiver no hemisfério sul, segure o relógio horizontalmente e aponte-o de forma que o 12 esteja voltado diretamente para o sol. O ponto médio entre o 12 e a marcação do ponteiro das horas será a direção do norte.
Outra dica marota pro caso de estar perdido em um local de vegetação densa, como selvas tropicais, é subir em uma árvore o mais alto possível para obter uma melhor visão acima da floresta. Fique atento aos pontos de referência marcantes para ajudar você a se situar e caso perceba algum desnível ou depressão na vegetação, pode ser indício da existência de um rio, o que significa que a civilização também não está longe.
Antes, contudo, é bom se beliscar algumas vezes e tentar analisar friamente se você está perdido nesta dimensão física mesmo ou foi parar em algum universo alternativo como a ilha de Lost. Aprendi depois de umas 50 temporadas da série que todo esforço será inútil se você já tiver morrido e estiver apenas tendo alucinações no purgatório.
A água é sempre o recurso mais valioso para a sobrevivência e para encontrá-la é preciso estar atento a indícios como ruídos, umidade do ar e existência de vegetação, que indicam a proximidade de recursos hídricos. É essencial tentar encontrar água corrente, pois é muito provável que a água parada esteja contaminada por animais mortos e outros detritos.
Esqueça aquelas forquilhas rastreadoras feitas de galho de madeira que você vê na ficção e em manuais dados a essas crendices populares, a ciência ainda não conseguiu comprovar a presença de magnetismo nos lençóis freáticos, ou a eficácia do instrumento. É mais fácil olhar pra cima: muitas vezes o orvalho se acumula nas folhas das árvores e plantas durante a noite, bem como as gotas retidas de chuva, e isso pode ser a sua salvação caso a sede esteja desesperadora.
Outra solução é posicionar uma lente de aumento e utilizar a luz solar para produzir a queima de algum material combustível. Se você não for o Sherlock Holmes e estiver sem sua lupa de bolso em um deserto de gelo, por exemplo, não se desespere. É possível improvisar uma lente de aumento, esfregando um pedaço de gelo em torno de uma borda de um tubo qualquer. A extremidade circular do tubo vai esculpir as irregularidades do bloco, e talvez você consiga obter uma esfera de gelo que possa funcionar como uma lupa, captando a luz do sol e a concentrando em um ponto, que se estiver focado em algo seco e inflamável irá produzir uma chama.
Caso seja possível encontrar um rio, lago ou outro corpo de água, saiba que lá dentro estará sua refeição do dia. Quem não sabe como pescar ou estiver sem nenhum equipamento pode resolver a parada com uma simples camisa e… saliva. Use sua camisa improvisando uma rede sob a superfície da água e cuspa nela. Peixes pequenos serão atraídos pelo cuspe, achando que é comida, e quando eles se agruparem você estará esperto para puxar a camisa e capturá-los. Se não quiser beliscar o aperitivo rápido você ainda pode tentar usar os peixinhos como isca para pegar peixes maiores (cuidado com o olho gordo pra não ficar sem nada).
Uma dica extra importante é lembrar de eliminar todas as sobras de alimentos para não correr o risco de receber visitas famintas da fauna da região.
Ficar perto de uma fonte de água pra economizar tempo e energia durante o dia pode ser uma boa ideia, mas lembre-se de que estes locais são território de mosquitos por natureza. Além disso o chão ao seu redor costuma ser muito úmido e exposto a inundações. Em qualquer caso, como o chão limpo absorve o calor do corpo, você vai precisar forrá-lo com folhas.
O ideal é encontrar um local alto, seco e plano, de preferência que ofereça um isolamento natural contra o vento. Em selvas mais densas é preciso se preocupar com a queda de árvores e galhos (os maiores causadores de mortes nestes ambientes) e dar preferência a clareiras para montar o acampamento.
E, claro, depois de começar a construir seu abrigo, você não vai poder mudá-lo de lugar, por isso, escolha com muito cuidado.
Para improvisar um detector de metais você vai precisar de um rádio portátil e uma calculadora de bolso. Coloque o rádio em AM e ajuste-o para uma frequência que não pegue nenhuma estação (quanto maior a frequência, melhor). Aumente o volume do rádio pra perceber melhor o som da estática, pegue a calculadora (ligada) com a outra mão (ou um suporte articulado como uma capa de CD) e posicione de frente para o rádio, alterando a distância e o ângulo entre eles até perceber um leve zumbido. Ao passar o "aparelho" sobre o solo, todo metal enterrado relativamente perto da superfície irá aumentar o som emitido. Depois dessa, Tony Stark que se cuide.
Um dos momentos mais tensos das histórias de sobreviventes é a hora em que você se vê obrigado a comer coisas nojentas pra não morrer de inanição. E como saco vazio não para em pé, esteja psicologicamente convencido de que tenébrios, formigas, baratas, moscas e larvas são excelentes petiscos crocantes para forrar o estômago e repor os nutrientes gastos na luta pela sobrevivência.
Calma, não precisa encher sua mochila com provisões para atravessar uma guerra nuclear, mas num eventual perrengue você vai desejar ter lembrado de trazer os mais singelos objetos, como um canivete, um isqueiro ou uma barraca de camping de luxo. Caso seu inventário não seja dos mais completos, objetos e utensílios do dia-a-dia podem quebrar um bom galho. Essa é a hora de deixar fluir o MacGyver que há dentro de você!
Absorventes íntimos internos, que aparentemente não teriam outra utilidade a não ser aquela para a qual foram fabricados, podem ser muito úteis para improvisar uma boia de pesca, por exemplo. Sem falar que o algodão contido em seu interior pode ser usado para iniciar uma fogueira, filtrar resíduos da água ou, no mínimo, fazer um curativo para cortes e arranhões.
Outra tecnologia inusitada é o plástico bolha, que fornece um excelente isolante térmico para manter uma pessoa aquecida, mesmo exposta ao vento e à chuva. O difícil é resistir à tentação de sair estourando as bolhas em caso de tédio ou estresse emocional…
Ao observamos grandes histórias de sobrevivência, podemos perceber que as pessoas que conseguiram vencer situações aparentemente impossíveis, se esforçam ao máximo para alcançar o extraordinário.
Nunca subestime a sua capacidade – e o seu instinto de sobrevivência.
Confira mais sobre este assunto em: ((( TRETA )))
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